segunda-feira

Diariamente minto

Todos os dias elaboro um monólogo interior, construo mil explicações, balbucio palavras de amor, sussurro despedidas. Todos os dias ralho comigo, porque todos os dias elaboro um erro, entro em desvarios de emoções, consinto desilusões. E todos os dias fico calada, e choro. Vou-me no pranto vazio de quem quer... bem-querer.


Margarida

Uma outra insónia

P. se soubesses a minha noite...depois de falarmos ao telefone.
Bem, fiquei com uma insónia.... algo amalucada....é o que dão telefonemas às 4h da manhã.
Acho que adormeci lá pelas 6h... escrevi-te msgs k não enviei...
amei-te em pensamento...desejei-te ...quase sentindo tua presença... sentindo a tua voz entranhada no meu corpo... beijo-te docemente....

tua, Helena


Obrigada pelo seu contributo Maria Helena. Beijo. Xanuca B

sexta-feira

Insónia

Os lençóis são azuis.
Tu respiras devagar, mansamente, dormes tranquilo e eu, continuo acordada.
Estranha forma de amar esta que me provoca insónias, mas me impede de acender a luz , para ler, ou a televisão para não te acordar.
Os lençóis são azuis, o algodão não é de qualidade, arranha um bocadinho.
O estore tem 86 ranhuras por fila, por onde escorre a luz da rua.
Tu ronronas agarrado a mim.
Eu não tenho sono.
É sempre assim, depois do alvoroço do amor eu nunca tenho sono.
O estore tem 37 filas.
E o sono não vem, nem virá…


Mafalda

terça-feira

Espelho

Existe em mim uma impetuosidade de sentimento que me assusta pela solidão que arrasta. É um desejo visceral de amar incondicionalmente, de ser capaz de todas as locuras, dos maiores desvarios, de muitas aventuras e nunca encontrei um homem capaz de amar assim.

Até hoje, só tive homens aos pedaços (ou pedaços de homens), com uns fui à opera, com outros a festivais de rock; com uns discuti o idealismo alemão, com outros fiquei calada a ouvir o silêncio;
com uns partilhei a cama, com outros apenas o chão; uns namorei na praia, com outros fiz longas viagens de avião, mas jamais encontrei um homem inteiro .... Como eu.


Leonor

domingo

Grito?

Porque é que tu não queres ver? Porque é que finges que está tudo igual? Porque é que me olhas do mesmo modo? Porque é que agora, mais do que nunca, és amorosamente simpático ?

Ainda não reparaste como me refúgio nos livros, como fujo da sala para a cama todas as noites ou como fico furiosa cada vez que irrompes pelo escritório sem bater na porta?

Ainda não olhaste no meu novo pudor, que me faz ao fim de tantos anos de nudez, usar roupão depois do duche e dormir de pijama?

Ainda não viste que mudei a minha imagem, que emagreci, que cortei o cabelo? (lembras-te que há 15 anos te prometi que seria sempre comprido?).

Ainda não atentaste na minha ausência permanente, na aliança que há meses não está no meu dedo, nos meus compromissos profissionais que terminam cada vez mais tarde, nos treinos de autonomia que te tenho imposto, nas minhas fugas de domingo, quando já não aguento nem mais um minuto dividir o espaço contigo?

Ainda não reparaste que nunca mais reclamei da tua apatia sexual, que nunca mais te seduzi, que nunca mais sequer te toquei?
Ainda não me ouviste dizer que estou diferente, que quero outras coisas da minha vida, que a nossa relação já não é válida?
Preciso de gritar?

E hoje, impulsivamente ao passares por mim na casa de banho deste-me um beijo na nuca... e eu tive vontade de gritar, porque senti a minha intimidade violada, quis atirar-te tudo à cara, dizer-te o quanto eras cego... mas não fui capaz... e fiquei calada...
Patrícia

segunda-feira

Inevitável

Não vale a pena fugir do inevitável encontro.
Não vale a pena fugir de si.
Não vale a pena fugir do meu corpo.
Não vale a pena fugir de mim.

O seu inevitável sou necessariamente eu.



Sofia

sexta-feira

Frágil

Porque é que não percebes que eu não sou a muralha que quero fazer parecer, porque é que não sentes em mim as minhas fragilidades, porque é que não me olhas e vez exactamente como sou, quando é que vai descobrir que eu só preciso que tomes conta de mim... Para sempre.
Marta

quarta-feira

Nua

Ontem mostrei-te a minha face oculta,
despiste-me a alma, puseste-me nua,
descobriste cada uma das minhas histórias, todos os meus segredos.
Ontem esqueci-me de mim!

Hoje, divido-me entre um lamento profundo,
porque sei que jamais serei capaz de partilhar a vida com quem sabe tudo sobre mim,
e a alegria de ter sido eu, ainda que só por um instante!


Sara

terça-feira

Choro

Abraça-me, aperta-me com força ou pelo menos telefona-me.
Deixa-me continuar a chorar, mas dá-me colo e diz que me queres, sussurra-me o quanto gostas de mim, pede-me espaço para ti na minha vida, partilha comigo segredos e limpa-me estas lágrimas de miúda tonta e teimosa... mas apaixonada.
Preciso muito de ti.


Paula

sexta-feira

Ela

Ela partiu.
Partiu como quem parte para sempre, com aquele ar ausente de quem espera não voltar.
Partiu... (como é difícil pronunciar a palavra de modo a ter consciência exacta do seu destino, sentir em cada letra a vibração de uma despedida, a sonoridade do adeus, a angústia da saudade).
Mas, ela partiu.
E eles, ficaram.
Ficaram com a imensa solidão do silêncio, do desespero, do choro sussurrado que não conseguiram soltar, com fome do seu cheiro, da sua pele, da sua imensa angústia e desespero, da sua feroz vontade de viver.
Ela partiu.

Luísa

terça-feira

Ausência II

Ela entrou e olhou-o. Desejou-o, e sentiu o rosto molhar-se de tristeza. E, embora ateia, rezou para que o tempo parasse ali.

Ela fixou-o de novo e ambicionou ter uma memória prodigiosa para nunca esquecer nenhum dos seus contornos, porque sabia que só na memória o poderia ter. Depois, tocou-o mansamente, acariciou-o com a ponta dos dedos, como se temesse que à mínima pressão ele se ausentasse para sempre.

Ele olhou-a, abraçou-a com força e sorriu com a segurança de quem prefere a solidão.

Como de costume, amaram-se devagar, em silêncio, eternamente e depois continuaram unidos, calados, a adiar o dia que sabiam não ter.

Já na rua, de manhã, ela sentiu-se tão sozinha que rezou pela segunda vez, implorou perder a memória para esquecer qualquer resíduo de emoções, de repente não queria saber como era desejar, como era querer, como era amar, quis nunca mais sentir nada, quis esquecer-se de si e perder-se de vez.
Isabel

segunda-feira

Coincidência ... (cont.)

Faz um mês que te conheci.... que tu me conheceste...que nos conhecemos... ... pela net... e depois pelo msn... algo impensável, que subitamente num dia nascesse um sentimento para além de uma amizade!!! Mas aconteceu!!!!... A comunicação escrita rápida, telepática, surprendentemente sincronística que eu sempre procuro... (com a mania das coincidências!!!) surgiu... logo se tornou numa comunicação em que o tempo kronos vira tempo em kairos, tempo da alma... e eis senão quando se perde a noção do tempo... comunicamo-nos durante horas, lembras?...
Sim, era dia 25 de Abril, feriado... estivemos ligados mais de 8 horas…as coincidências gerando risos, quando líamos do outro lado o que ainda estávamos a escrever…
Desde esse dia não parámos de comunicar, por telefone, por msgs, por mail... sempre com alguma sensação de que algo de sincronístico nos ligava, que o pensamento de um desencadeava o movimento e a comunicação do outro... de um dejá vu que emerge... como se sempre nos tivéssemos conhecido... Sim, eu acredito em coincidências, de que as vidas realmente não se cruzam por acaso... e tu dizias que sentias que já me conhecias... até fiz a nossa sinastria e tudo se confirmou!Como nos sentimos bem um com o outro, a comunicar de várias formas... ... e quando estamos juntos... sempre é tempo em kairos...

Helena, 25 de Maio de 2007


Nota: Obrigada Helena. Aguardo próximos episódios desta história de tempos coincidentes... Xanuca B.

domingo

Ausência I

Adormeço enroscada em ti.
De manhã, espreguiço-me e o meu ombro toca o teu, o frémito do desejo acorda e começamos de novo a amar.
Estou atrasada.Visto-me e despeço-me como se houvesse o amanhã que não há.

“Até logo” digo. (“Volto quando quiseres” - não digo, mas sinto).


Isabel