sexta-feira

Tu





Nos teus olhos leio frustração, na tua alma pressinto a amargura do amor que nunca tiveste, nos teus braços hirtos, incapazes de estreitar os ombros dela ou a minha cintura, vejo a solidão que te sufoca, na mão que leva o copo à boca observo a vontade de fugires de ti, nas palavras que vociferas, com ódio, sei que experimentas a expiação dos teus fantasmas, no sono pesado que se segue a mais um confronto teu connosco (as únicas que te poderíamos dar tudo o que não tens) contemplo a tua fragilidade quase infantil. Só que já não tenho vontade de velar o teu sono…








Rosa

quinta-feira

Saudade



Tanto, tanto que vou ter contigo! Até ja!

terça-feira

O Beijo




Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escaracéu.
Ainda palpitante voa um beijo.
Donde teria vindo! (não é meu…)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?
É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.
E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar…

Alexandre O’Neill