terça-feira

Não


enrosco-me em ti como se não houvesse amanhã.
a minha mão percorre o teu corpo como se fora um explorador do sec XV
alimento-me do teu calor
sorvo o sabor do teu suor e tento (de todas os modos) reter nas minhas narinas o teu cheiro
preciso e ti para viver
não me deixes sozinha!


se partires… permanecerei, para sempre, aqui
enroscada em mim!

Dina

Tu és ...

sexta-feira

milagres


e com a dor primária, tão forte como a cor que lhe dá o nome, preparei-me para o pior.
para te perder, ainda antes de te conhecer, para desistir e partir, ainda antes de saber quem és tu.
esta cólica de bicho, que me suga o folego quando vem e me turva a razão e o querer e me deixa exaurida e inundada em suores acres nos breves instantes em que amaina, reduz-me à essência do que sou, do que somos: gente com corpo animalejo que concebe e pare como qualquer cadela da rua.
então tu rasgas-me, rebentas o aquário onde viveste. anestesias-me, porque a dor é tão forte que se a sentisse não a suportaria.
nasces-te, pari-te.
cheiro o visco que te envolve o corpo. misturo o meu pranto com o teu. quero lamber-te.
não o faço, abraço-te (não sei se para te proteger ou para experimentar o consolo que me podes dar. não sei.). 
apenas pressinto que nós dois, agora ainda perdidos nas nossas dores e solidões, quando nos conhecermos nos tornaremos uma família. a família um do outro.
Ana
  

only you!