Oiço os gritos das gaivotas, neste tempo de fim de verão. Deito-me na relva, já fresca, embrulhada numa manta polar, enquanto espero por ti. Com os pés enfiados na terra a minha cabeça parte para o sul, onde o sol ainda aquece, as casas são mais brancas, o tempo é maior e onde eu te conheci. Para fugir a esta sonolência que me invade começo a fazer contas: procuro em mim a data em que te escolhi, em que te abracei e beijei e fomos um só. Descubro, surpreendida, que não a encontro, não sei. A nossa relação não tem um tempo, como não tem um espaço, como talvez nem seja uma relação…O meu amor por ti não cabe numa casa, nem numa aliança, nem numa família.
O meu amor por ti acontece, em momentos, em gargalhadas, em cumplicidades, em livros, em poesia, em desvarios de erotismo.
O meu amor por ti só existe porque te espero quando quero, porque só te encontro quando te desejo, porque sou livre para marcar o tempo e o espaço que te dou de mim.
O meu amor por ti, só existe porque me amo o suficiente para nunca ter abdicado de ser livre.
Vem depressa, que te quero agora...
Madalena