quarta-feira

Dos Livros

“ Menino Afonso. O amor é eterno como as estrelas. Não sabemos nada das estrelas, como nada sabemos do amor. Muitas vezes encontramos no brilho distante de uma estrela a coragem necessária para atravessar noites de excessiva treva. Sussurramos desejos às estrelas-cadentes e confiamos as lágrimas à beleza de um céu estrelado. Não falo do céu metafísico, do céu povoado de deuses vingadores, desse céu demasiado terreno que, ao longo de séculos, tem construído uma história de horror e guerra.(…).Falo do céu que existe sobre as nossas cabeças demasiado ocupadas a esgravatar a terra. Das estrelas que vivem e morrem sem que saibamos, e que nos iluminam, se soubermos olhar para elas, como se fossem sempre a mesma, a estrela inicial. È assim a eternidade do amor – indiferente à vida e à morte, capaz de sobreviver à pequena cronologia da vida. Capaz, acima de tudo, de fazer a semivida presunçosa em que tantas vezes nos enredamos, uma vida verdadeira, votada à única coisa que interessa – o Amor.”

In Inês Pedrosa, "OS ÌNTIMOS" (93-94)
Nota: apetecia-me copiar todo este livro para aqui. Sublime na transparência da (im)perfeitude do amor.