quarta-feira

Doida Solidão

São mais de 15 anos sem ti.
São mais de 15 anos só, mas contigo.
Não te despediste quando deixaste a minha vida vazia, e eu enchia de ti.
Repeti diariamente cada um dos teus passos, mantive todas as tuas rotinas, ouvi incessantemente as tuas músicas preferidas, reli todos os teus livros [que também deixaste para trás] nunca ocupei o teu lado da cama, sempre troquei as tuas roupas no armário com a mudança de cada estação do ano.
Ainda há dias fui a um concerto do teu cantor favorito à espera de [talvez] te encontrar na multidão.
Hoje parto eu desta casa.
A ambulância espera-me lá fora. Dois senhores [simpáticos] aguardam que acabe de arrumar as nossas coisas e que seleccione o que vou levar para a Clínica. “Só uma malinha, só uma malinha”, disseram, “porque lá vai ter tudo que necessita”.
Mas como é que 15 anos de vida vazia cabem numa malinha?


José