O dia amanhece claro e limpo. Os olhos piscam para se adaptar a esta luz crua e branca que invade a janela. Aqui, neste meu ninho ebúrneo, de lençóis alvos e mantas níveas o silêncio é total. Os vidros duplos da janela impedem a entrada do barulho ainda inexistente da rua. A tv, embora ligada não emite qualquer som. Escolho o silêncio. Escolhi sempre o silêncio, para as maiores emoções, para as superiores sensações, para as palavras mais importantes...
È neste emudecimento sossegado que me encontro, é também nele que me perco em deambulações íntimas, em efabulações infinitas: só nele recordo o que fui, o que não fomos, o que fiz, o que não fizemos.
È aqui, deitada, à espera da luz que me é essencial à vida, que passo as noites e os dias velando, numa espera muda, a chegada de um futuro em que ainda quero acreditar.
Graça