Há cinco noites que não durmo, velo-te o sono e os sonhos. Tapo-te, destapo-te, meço-te, a medo, a temperatura do corpo, adivinhando a febre da doença. Levanto-te o tronco para respirares melhor, lutamos com o soro que insistes em não querer no nariz.
O sono por vezes invade-me, a cabeça descai, o corpo cede.
Tu tosses e eu estremeço, acordo assustada, o meu coração bate mais forte, o desespero apodera-se, rezo a todos os Deuses do firmamento, esforço-me por conter as lágrimas, mas não consigo, o medo é mais forte do que eu, as lágrimas molham-me o pijama… sentir-te doente sufoca-me, desorganiza-me, perturba-me até ao mais íntimo de mim, paralisa-me, quebra-me a razão do saber que a doença passa…
Na maternidade nada dói, tudo se faz, tudo de arranja, tudo é prazer, mesmo as birras, os sonhos maus, o tempo finito, a comida deslambida, os mimos, os disparates, os cuidados mais extremos, mas a doença…só o medo da doença legitima a decisão de seres tão único… jamais conseguiria ter outro filho, … porque ele também poderia ficar doente… e eu, morro um bocadinho de cada vez que adoeces…
Gabriela