quarta-feira

Prazeres

É estranho como partilho com o M. uma sexualidade tão cheia, tão rica, completa e entusiasmante. Muitas vezes, sinto que ele é apenas um espelho de mim, das minhas mais secretas fantasias, dos meus desejos, dos meus mais íntimos caprichos. É tão fácil estar com ele na intimidade, ele faz-me sentir segura, bonita, poderosa, capaz de ter e de dar todo o prazer do universo. Confesso que nunca foi tão satisfatório ter sexo com alguém. E sinto a estranheza desta evidência: com os homens que amei nunca foi assim. Possivelmente, a pressão de amar e de querer ser amada nunca me deixou ser eu, reconheço que por vezes fui insonsa, quieta, controlada, castrada pelo imenso amor que sentia (nuca esquecerei que o P. me disse "porque é que não fazes o que os teus olhos dizem").
Reconheço também, que nenhum dos meus anteriores amantes possuía esta força da natureza, este desespero dos limites do deleite do M. Ele tem uma impetuosidade singular, uma fome de libertar todas as tensões da sua vida através do prazer e uma imensa capacidade de me fazer libertar de mim, dos meus medos, das minhas ansiedades e falsos moralismos. Connosco, é o prazer pelo prazer vivido sem pudor. Mas, mesmo assim, por vezes, ainda procuro em mim o cheiro, o sabor, os contornos, os ritmos, do último homem que amei.
Lia