quarta-feira

O Medo

Baixo o livro que leio, pouso-o no colo, e olho para ti. Procuro os teus olhos que fogem incessantemente para lugar nenhum. Vejo como carregas compulsivamente nos botões do comando da TV [como quem corre a maratona em busca da medalha olímpica], suspiras e passas as mão pelo cabelo [como fazes sempre que tens um problema]. Estás perdido… fazes um enorme esforço de contenção, tão grande que os teus dedos se juntam como se segurassem um cigarro na busca do consolo que ele te dava.

Divido-me entre a fúria e a ternura e contínuo, em silêncio, a olhar-te.

Finalmente olhas para mim. Certamente nos meus olhos vês a enorme interrogação que me inunda: “eu só te perguntei se não quererias vir viver cá para casa?”.

Abraças-me e murmuras baixinho: “amo-te, mas tenho tanto medo”.

E perco-me [como sempre] em ti.

E tu, ficas.



Catarina