Com um copo de vinho nas mãos, desfolho o velho álbum de fotos e interiormente amaldiçoo as máquinas digitais que nos permitem fotografar tudo e nunca mais ver nada. Antigamente a foto era rara mas existia, hoje a foto é comum mas é guardada numa memória digital onde se perde no tempo e no espaço.
Mas este álbum, que me pesa no colo, é o do meu primeiro casamento. Igreja, vestido branco, véu, família enfarpelada, noivo de laço, bolo de quatro andares. Retratos da perfeita piroseira do final dos anos 80, tão decadente e triste como aquela relação frágil que aos 20 e poucos anos achámos eterna.
Encontro, depois de muito procurar, algumas impressões de má qualidade, de 12 fotos por página A4, do meu segundo casamento. Registo civil, roupa informal, mais amigos que família, um bolo belíssimo, rasteiro, e muito, muito champanhe (do bom!). Este foi o meu casamento dos anos 90, um casamento inesperado, numa relação loucamente borbulhante e fresca como o Ruinart que sempre a regou. Ter trinta anos foi fabuloso e viver loucamente também.
Do terceiro, não há imagens impressas, as fotos estarão guardadas num disco rígido qualquer. Esse foi no Verão, os pés descalços na areia da praia, só nós dois, o branco das nossas roupas, as juras de amor e a eterna confiança no nosso desejo. Saboreamos-nos devagar, como o aproximar dos quarenta nos diziam que devia ser. E foi.
Levanto-me para encher de novo o copo, e brindar a mim (e ao dia de amanhã), no meu reflexo no espelho do aparador. Lembro-me de ligar ao P., para lhe pedir um fotógrafo a sério amanhã, porque quero um álbum de casamento para recordar. Ele promete-me que assim será, embora não reconheça a pertinência da questão, “para quê querer recordar um casamento que vai ser vivido todos os dias”, diz-me ele, com a convicção de quem nos seus 50 confia plenamente no amor. Não lhe respondo, mas insisto no pedido. Só eu sei como é difícil encontrar a felicidade todos os dias, e afinal ainda estou a meio dos 40 e há muito mundo para andar...
Mas este álbum, que me pesa no colo, é o do meu primeiro casamento. Igreja, vestido branco, véu, família enfarpelada, noivo de laço, bolo de quatro andares. Retratos da perfeita piroseira do final dos anos 80, tão decadente e triste como aquela relação frágil que aos 20 e poucos anos achámos eterna.
Encontro, depois de muito procurar, algumas impressões de má qualidade, de 12 fotos por página A4, do meu segundo casamento. Registo civil, roupa informal, mais amigos que família, um bolo belíssimo, rasteiro, e muito, muito champanhe (do bom!). Este foi o meu casamento dos anos 90, um casamento inesperado, numa relação loucamente borbulhante e fresca como o Ruinart que sempre a regou. Ter trinta anos foi fabuloso e viver loucamente também.
Do terceiro, não há imagens impressas, as fotos estarão guardadas num disco rígido qualquer. Esse foi no Verão, os pés descalços na areia da praia, só nós dois, o branco das nossas roupas, as juras de amor e a eterna confiança no nosso desejo. Saboreamos-nos devagar, como o aproximar dos quarenta nos diziam que devia ser. E foi.
Levanto-me para encher de novo o copo, e brindar a mim (e ao dia de amanhã), no meu reflexo no espelho do aparador. Lembro-me de ligar ao P., para lhe pedir um fotógrafo a sério amanhã, porque quero um álbum de casamento para recordar. Ele promete-me que assim será, embora não reconheça a pertinência da questão, “para quê querer recordar um casamento que vai ser vivido todos os dias”, diz-me ele, com a convicção de quem nos seus 50 confia plenamente no amor. Não lhe respondo, mas insisto no pedido. Só eu sei como é difícil encontrar a felicidade todos os dias, e afinal ainda estou a meio dos 40 e há muito mundo para andar...
Pilar