Espaço sem tempo e sem rumo. Puro exercício de escrita no prazer de contar histórias de amores perfeitos, ou talvez não ...
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Perifescência
“Ficaram os dois a olhar um para
o outro, e eis que o estômago de Desdemona começa mais uma vez a dar sinais
inquietantes. E para explicar esta sua sensação terei de vos contar uma outra
história. Na sua comunicação na convenção da Sociedade Cientifica para o Estudo
da Sexualidade, em 1968 (…) o Dr. Luce introduziu o conceito de
«perifescência». A palavra em si não significa nada; Luce inventou-a para
evitar associações etimológicas. O estado de perifescência, no entanto, é bem
conhecido. Designa a primeira febre do vínculo do acasalamento. Provoca
tonturas, júbilo, cócegas nas paredes do peito, e uma vontade de trepar a uma
varanda através de um cabelo da pessoa amada. A perifescência constitui o
primeiro período de inebriamento químico e felicidade conjugal em que a pessoa
é capaz de sentir o perfume de uma papoila durante horas a fio. (Segundo Luce,
pode durar até dois anos.) Para os antigos, aquilo que Desdemona sentia seria
explicado pela influência de Eros. Para os especialistas de hoje, a explicação
reside na química do cérebro e na evolução. Seja como for, volto a insistir que
para Desdemona a perifescência era como uma vaga de calor que lhe afluía desde
o abdómen até ao peito, alastrando como um aluvião de um licor de menta finlandês
com mais de 50 graus. “
Eugenides, Jefeerey
Middlesex2002
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