Faço correr incessantemente o teu nome em motores de busca, em redes sociais, sigo pistas, passo de umas páginas para as outras, volto atrás e experimento outros caminhos, outras ligações, nesta rede imensa onde cada vez somos menos anónimos.
Depois de horas de buscas encontro-te, fico a saber onde trabalhas, tenho os contactos telefónicos da empresa, se eu quiser estás à distância de nove dígitos…
Mas o que é que se diz a alguém a quem se abandonou numa esplanada, num dia de sol, para partir atrás de um sorriso que prometia o maior amor: Pede-se desculpa? Reconhece-se o erro? Assume-se a volubilidade inata? Explica-se a enorme capacidade de encantamento daquele sorriso estranho? Conto-te a história daquela paixão? Explico-te as razões do profundo desamor que me perseguiu durante todos estes anos? Digo-te que só nos teus braços, depois dos mil que nestes anos percorri, consegui o abandono maior de ser eu e exactamente por isso nunca os esqueci.
Marco o número com um aperto no peito. Peço para falar contigo, faço-me anunciar, dão-me música [Vivaldi] enquanto espero. Será que me vais atender?
Teresa